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O patofã

Publicado originalmente no Jornal Interação (Araxá - MG) e posteriormente na página oficial do Pato Fu.



"Ele gosta mais de Pato Fu do que eu" - foi o que a Fernanda Takai disse, se referindo à mim.

Quando soube que o Pato Fu iria tocar na calourada da Uniaraxá, rapidamente comecei a providenciar minha ida à Araxá. Há alguns anos já aguardava um show da minha banda preferida na cidade onde primeiro se avista o sol, mas nunca tinha sido atendido.

Depois de alguns dias de espera, finalmente peguei o ônibus viajei 370 quilômetros, e cheguei na sexta-feira, 31 de março, dia do show. Eu sabia que a banda já estava na cidade. Restava descobrir onde. Depois de inúmeros telefonemas e informações desencontradas, consegui chegar na entrevista coletiva para a imprensa. Mas eu não era da imprensa, nem tinha nenhuma autorização para ir ao local, só tinha minha velha e surrada camiseta do Pato Fu, uma câmera fotógrafica na mão e muitos CDs na mochila.

Dei de cara com a banda, respondendo à perguntas que eu gostaria de estar fazendo e aguardei o fim das gravações. Trabalho da imprensa encerrado, fui atrás dos meus ídolos.
Comecei pelo novo integrante, o tecladista Lulu Camargo, que passou a fazer parte do Pato Fu apenas no trabalho mais recente da banda. Pedi que autografasse meu disco "Toda Cura Para Todo Mal" e que tirasse uma foto comigo. Pedi as mesmas coisas para o baterista Xande Tamietti e fui atendido pelos dois. Enquanto isso, meu irmão fotograva todos os momentos. Pra ninguém falar que é mentira!

Fui atrás do líder da banda, o guitarrista John Ulhôa, que também compõe a maioria das canções. Enquanto ele autografava meu CD, abri minha mochila, tirei dela outros 9 CDs e 2 DVDs, e falei em tom de brincadeira com a vocalista Fernanda Takai: "Eu tenho mais esse monte aqui!". Mas ela levou a brincadeira a sério e resolveu autografar todos os meus discos. Quando percebi, a banda estava autografando toda minha coleção, e várias pessoas fotografando a situação. Por minutos, virei o centro das atenções, afinal, não é todo dia que um fanático aparece com a discografia completa de uma banda, junto com essa banda. "Será que ele gosta de Pato Fu?" - pergunta meu irmão - "Ele gosta mais de Pato Fu do que eu" - responde a Fernanda Takai. O pior é que essa afirmação corre o risco de ser verdade! Pra mim foi a frase do dia, que ainda vai ficar martelando na minha cabeça por um bom tempo.

Acredito que é muito gratificante para um artista chegar em uma cidade onde você nunca tocou, e encontrar pessoas que sabem todas as suas músicas e acompanham sua carreira há muitos anos. E para o fã também é muito recompensador encontrar sau banda favorita e ter um contato tão direto, descontraído e expontâneo. A viagem já tinha valido a pena, mas faltava o show...

Fui um dos primeiros a chegar. Junto com algumas amigas que curtem o Pato Fu (quase) o mesmo tanto que eu, fomos reservar nosso lugar na primeira fila. Sair de lá, só depois do show. Eu já tinha assistido a outros quatro shows do Pato Fu, mas nunca tão de perto.
Eles abrem o show com a música "Estudar Pra Quê?", com o John no vocal, provando que são uma banda poderosa mesmo sem sua principal vocalista. Na segunda música, a estrela Fernanda Takai entra no palco cantando o hit "Anormal", que é acompanhado por grande parte da platéia. A partir daí, o repertório tocado mistura temas de novelas ("Perdendo Dentes", "Ando Meio Desligado"), sucessos radiofônicos ("Eu", "Depois", "Made In Japan"), experimentações ("Simplicidade", "Capetão"), músicas do disco mais recente ("Amendoim", "No Aeroporto") e canções de discos mais antigos ("Deus", "Gol de Quem?").
Enquanto isso, eu cantava todas as músicas, além de fotografar e filmar boa parte do show. Ao tocarem "O Processo de Criação Vai de 10 até 100000", do primeiro CD da banda, o John perguntou se tinha alguém na platéia que conhecia a a música. Além do meu, vi só mais um braço levantado. É, acho que o maior fã que estava lá era eu mesmo...

A banda conseguiu levantar o público, que tinha uma animação surpreendente. Na última música, milhares de pessoas cantavam "Uh Uh Uh, La La La, Ié Ié", dançando e sorrindo. Os patos conseguiram cumprir bem sua missão, e em agradecimento voltaram ao palco para cantar mais três músicas. Ao final dos últimos acordes de "Sobre o Tempo", John faz malabarismos com a guitarra, Fernanda dá sua palheta, Xande presenteia o público com suas baquetas e o baixista Ricardo Koctus distribui camisetas autografadas. Não ganhei nenhuma dessas preciosidades, mas levei o setlist do show de lembrança. Tudo bem, depois de tudo que ocorreu no dia, eu nem precisava disso.

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