Tive o prazer de ministrar uma palestra na última edição da Campus Party em MG com o tema "Fake News - Como viver num mundo de mentiras". Em breve, essa palestra estará disponível no YouTube e, assim que tiver o link, compartilho com você.
No início da minha apresentação, mostrei algumas notícias e pedi para o público preencher um questionário avaliando se cada publicação era verdadeira ou falsa. TODAS eram falsas, por mais convincentes que parecessem.
O público da Campus Party é jovem e ligado em tecnologia, o que poderia nos levar à hipótese de que estariam mais antenados e conseguiriam identificar o que realmente aconteceu. Os resultados foram um pouco diferentes.
A primeira notícia falava que o plantão da Globo nos atentados de 11 de setembro interromperam um episódio de Dragon Ball Z. 44% do público estava convencido de que isso era verdade. Esse é um caso curioso, pois é muito comum encontrarmos pessoas que afirmam se lembrar do ocorrido, mas essa é uma espécie de memória falsa coletiva que não aconteceu.
A segunda notícia afirmava que o banco Santander perdeu mais de 20 mil clientes em um dia após o fechamento da exposição Queer Museum. Mais da metade do público acreditou: 52%.
A suposta eleição de Jair Bolsonaro como político mais honesto do mundo convenceu pouca gente (apenas 16%) e foi a notícia falsa em que o público menos acreditou.
Baseado num tweet que supostamente teria sido publicado por Jean Willys (mas não foi), 20% do público se convenceu de que há um grupo político no Brasil interessado em legalizar o casamento infantil.
Inseri que Albert Einstein tinha inventado o fidget spinner como uma piada, e fiquei muito surpreso em observar que 24% do público acreditou. Queria que ao menos uma notícia falsa fosse descreditada por todo o público, mas isso não aconteceu.
Por fim, mostrei uma matéria que afirmava que Seu Madruga era originalmente pai do Chaves, mas as cenas que mostravam isso nunca foram filmadas. Essa foi uma notícia falsa publicada (e posteriormente desmentida) pelo jornal O Tempo, mas o fato de 52% do público acreditar que ela é verdade mostra que o desmentido nunca chega tão longe quanto a publicação original.
Ao final da palestra, um dos espectadores comentou que as notícias que eu tinha usado como exemplo eram claramente falsas. Discordei, baseado inclusive nos resultados da enquete que fiz. Por mais que para você pareça ser óbvio que uma ou outra notícia seja falsa, as pessoas tem níveis culturais, sociais e econômicos diferentes. E, independentemente disso, para muitos falta repertório para entender o que é falso e o que não é. Basta observar pessoas do seu círculo social: certamente tem pessoas que acreditam em coisas que você nunca acreditaria.
Ninguém pode garantir que nunca foi enganado por uma notícia falsa, até mesmo porque se a pessoa foi ludibriada, talvez ela não saiba até hoje que a notícia é falsa. Questione sempre, desconfie, não acredite em tudo que você lê ou ouve. E escolha veículos com credibilidade para se informar.
Leia também:
A regra básica para verificar se algo é verdade na internet
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O público da Campus Party é jovem e ligado em tecnologia, o que poderia nos levar à hipótese de que estariam mais antenados e conseguiriam identificar o que realmente aconteceu. Os resultados foram um pouco diferentes.
A primeira notícia falava que o plantão da Globo nos atentados de 11 de setembro interromperam um episódio de Dragon Ball Z. 44% do público estava convencido de que isso era verdade. Esse é um caso curioso, pois é muito comum encontrarmos pessoas que afirmam se lembrar do ocorrido, mas essa é uma espécie de memória falsa coletiva que não aconteceu.
A segunda notícia afirmava que o banco Santander perdeu mais de 20 mil clientes em um dia após o fechamento da exposição Queer Museum. Mais da metade do público acreditou: 52%.
A suposta eleição de Jair Bolsonaro como político mais honesto do mundo convenceu pouca gente (apenas 16%) e foi a notícia falsa em que o público menos acreditou.
Baseado num tweet que supostamente teria sido publicado por Jean Willys (mas não foi), 20% do público se convenceu de que há um grupo político no Brasil interessado em legalizar o casamento infantil.
Inseri que Albert Einstein tinha inventado o fidget spinner como uma piada, e fiquei muito surpreso em observar que 24% do público acreditou. Queria que ao menos uma notícia falsa fosse descreditada por todo o público, mas isso não aconteceu.
Por fim, mostrei uma matéria que afirmava que Seu Madruga era originalmente pai do Chaves, mas as cenas que mostravam isso nunca foram filmadas. Essa foi uma notícia falsa publicada (e posteriormente desmentida) pelo jornal O Tempo, mas o fato de 52% do público acreditar que ela é verdade mostra que o desmentido nunca chega tão longe quanto a publicação original.
Ao final da palestra, um dos espectadores comentou que as notícias que eu tinha usado como exemplo eram claramente falsas. Discordei, baseado inclusive nos resultados da enquete que fiz. Por mais que para você pareça ser óbvio que uma ou outra notícia seja falsa, as pessoas tem níveis culturais, sociais e econômicos diferentes. E, independentemente disso, para muitos falta repertório para entender o que é falso e o que não é. Basta observar pessoas do seu círculo social: certamente tem pessoas que acreditam em coisas que você nunca acreditaria.
Ninguém pode garantir que nunca foi enganado por uma notícia falsa, até mesmo porque se a pessoa foi ludibriada, talvez ela não saiba até hoje que a notícia é falsa. Questione sempre, desconfie, não acredite em tudo que você lê ou ouve. E escolha veículos com credibilidade para se informar.
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ótimo texto, Gregório!
ResponderExcluirSua Bunda Fedena
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